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Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Mogi das Cruzes, pós-graduado em Gestão de Projetos pela Universidade Braz Cubas e especializado em Lean Six-Sigma pela Fundação Vanzolini. Profissional com mais de 9 anos de experiência desenvolvidos em empresas nacionais e multinacionais como Suzano Papel e Celulose, Comau FIAT group, ABB Asea Brown Boveri, Kimberly-Clark, Fibria grupo Votorantim e Cosan nos segmentos de papel e celulose, bens de consumo (produtos de higiene pessoal), área florestal (eucalipto de fibra curta) e logística (exportação açucar, grãos, etc). Atuação desenvolvida nas áreas de Engenharia de Confiabilidade da Manutenção, Engenharia de Manufatura, Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento de materiais e produto. Experiência na aplicação das metodologias Lean Seis Sigma, Kaizen, Lean Manufacturing, guia PMBOK do PMI, PDCA, SDCA, RCM - Reliability Centred Maintenance, Asset Management, entre outras. Certificado Green Belt em Lean Six-Sigma. Participação em grandes projetos de estruturação "greenfield" e "brownfield" da Manutenção utilizando o sistema SAP/R3 módulo PM Plant Maintenance. INTERNATIONAL EXPERIENCE * Argentina – Buenos Aires

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"São os ociosos que transformam o mundo, porque os outros não têm tempo algum” Camus


São os ociosos que transformam o mundo, escreveu Camus, “porque os outros não têm tempo algum”. Nem sequer para perceber as contradições e as consequências físicas e psíquicas da faina incessante e refletir sobre elas, lenta e profundamente. Os ociosos transformam o mundo criando e meditando. Usar a inteligência sem finalidade lucrativa, não submeter o ócio ao negócio, retirar-se da pressa e das agitações mundanas para poder refletir melhor, este é o trabalho dos ociosos, permanente e sem fim.

“A primeira prova de uma inteligência ordenada”, prescreveu Sêneca, “é poder parar e aquietar-se consigo mesmo”, entregar-se, na formulação de Montaigne, ao “fecundo exercício de uma ociosidade inteligente e feliz”, como ele, Sêneca e tantos outros (Rousseau, Thoreau) fizeram.
Lafargue, genro de Marx, escreveu há 123 anos a mais conhecida defesa do far niente (“fazer nada”, em tradução livre), O Direito à Preguiça, que é sobretudo uma crítica arrasadora à “perversão” das classes operárias pelo “dogma do trabalho” complotado pela Igreja e a nobreza — e legitimado pela lógica da produção capitalista e pela retórica domesticante do comunismo.

Os antigos gregos desprezavam o trabalho (atribuição exclusiva dos escravos) e gastavam seu tempo com exercícios físicos, jogos de inteligência e o que chamavam de ataraxia: a vida contemplativa. A escravidão, ao estilo antigo, acabou, mas ressurgiu com novas feições. “Quem não tem dois terços do dia para si é escravo, não importa o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito.” Assim falou Nietzsche, que só foi escravo de sua loucura.

Platão e Aristóteles achavam que trabalhar esgota o físico, faz mal à saúde, degrada a alma e impede o homem de servir ao espírito, ao corpo e à pólis. A moral “cristã” estragou tudo, santificando o batente (“ganharás o pão com o suor do seu rosto”) e transformando a preguiça em pecado capital. Os nazistas pegaram carona nessa pregação, afixando à entrada de seus campos de extermínio este cínico bordão “Arbeit Macht Frei” (O trabalho liberta).

Embora Jesus tenha louvado o ócio, no sermão da montanha (“olhai os lírios no campo…” etc.), e o Todo Poderoso parado para descansar no sétimo dia, e por toda a eternidade, a Igreja, ressalta Lafargue, pregou, astuciosamente, a ideia de que trabalhar é um castigo imposto pela justiça divina a Adão e Eva e sua infinita prole, para que não lhes sobrasse tempo livre para pensar em besteiras, como, por exemplo, questionar o clichê de que o trabalho só enobrece o homem. 

Russell fez seu “elogio ao lazer” (ou ao ócio) na mesma sintonia de Camus: “Sem a classe ociosa, a humanidade jamais teria saído da barbárie”. E Lafargue: “Para manter os pobres satisfeitos, os ricos enalteceram, por milhares de anos, a dignidade do trabalho, embora pouco se importando de continuar indignos nesse sentido”, e defendeu a redução da jornada de trabalho para quatro horas, mas sem recomendar que o tempo restante fosse desperdiçado com “pura frivolidade”. Trabalhando menos e aproveitando melhor o tempo, teríamos uma vida menos monótona e estressante, seríamos mais alegres e felizes. Como se ainda (ou já) estivéssemos no Paraíso.

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